A TRAGÉDIA DA CORRUPÇÃO
Ministro Luís Roberto Barroso
Eu gostaria de
dizer que eu ouvi o áudio: “tem que manter isso aí, viu?” Eu quero dizer que eu
vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha e li o depoimento de
Funaro. Portanto, nós vivemos uma tragédia brasileira. A tragédia da corrupção
que se espalhou de alto a baixo sem cerimônia.
Um país em que
o modo de fazer política e negócio funciona assim: o agente político relevante
escolhe o diretor da estatal ou o ministro com cotas de arrecadação e o diretor
da estatal contrata, em licitação fraudada a empresa que vai superfaturar a
obra ou contrato público para depois distribuir dinheiros.
E aí não faz
diferença se foi pro bolso ou se foi para campanha por que o problema não é
para onde vai, o problema é de onde vem. É a cultura de desonestidade que se
cria de alto a baixo com maus exemplos em que todo mundo quer levar vantagens;
todo mundo quer passar os outros pra trás, todo mundo quer conseguir o seu sem
mencionar as propinas pra financiamentos públicos.
Tudo
documentado. Portanto, são diferentes visões da vida e do país. Mas eu não acho
que há uma investigação irresponsável. Eu acho que há um país que se perdeu
pelo caminho. Naturalizou as coisas erradas e nós temos o dever de enfrentar
isso e de fazer um novo país; de ensinar as novas gerações que vale a pena ser
honesto sem politivismo, sem vingadores mascarados, mas também sem achar que
ricos criminosos tem imunidade por que não tem.
Tem que tratar
o menino que é pego com 100 gramas de maconha da mesma forma que se trata quem
desvia milhões de reais. Portanto, este “bill de indenidade” para a criminalidade
política e econômica que existe no Brasil não tem o meu apoio, nem pode ter o
apoio desse tribunal, nem os das pessoas de bem.
Resposta de Carmem Lúcia:
Nem um de nós não partilha de nenhum tipo
de atitude ou de conivência ou nem de longe querer que o Brasil seja um
país de corrupção e toda corrupção tem que ser punida por que é crime.
Será que não
mesmo?